Estratégia: conceitos de gestão estratégica
A ação prática do profissional envolvido no processo estratégico em busca de resultados organizacionais requer conceitos de gestão estratégica como os enunciados por teóricos como Dan E. Schendel e K. J. Hatten enunciados em “Política de negócios ou gerenciamento estratégico: uma visão para disciplina emergente”; J. M. Hinings em “Política organizacional e gerenciamento estratégico: texto e casos”; A. A. Thompson e A. J. Strickland em “gerenciamento estratégico: conceitos e casos”; G. D. Smith, D. R. Arnold e B. RG Bizzell em “Estratégia e política de negócios” e K. J. Hatten e M. L. Hatten em “Gerenciamento estratégico efetivo: análise e ação”.
Schendel e Hatten conceituam gestão estratégica como “processo de determinação e manutenção dos relacionamentos da organização e o seu ambiente, compreendido pelo uso seletivo de objetivos e da iniciativa de alcançar o estado desejado de relacionamentos através da alocação de recursos que permitem alcançar eficiência e eficácia em programas de ação desenvolvidos pela organização e suas subdivisões”.
Higgins apresenta “processo de gerenciar o acompanhamento da missão organizacional simultaneamente ao gerenciamento do relacionamento da organização com seu ambiente” como definição de gestão estratégica. Para Thompson e Strickland, “processo por meio do qual os gerentes estabelecem uma direção organizacional de longo alcance, estabelecendo o desempenho esperado a partir dos objetivos específicos, desenvolvendo estratégias para alcançar estes objetivos à luz de todas as relevantes circunstâncias internas e externas e comprometendo-se na execução dos planos de ação selecionados” define bem o que é gestão estratégica.
Smith, Arnold e Bizzell apresentam uma definição conforme segue: “processo de exame tanto dos ambientes atuais quanto futuros, formulação dos objetivos organizacionais, execução, implementação e controle das decisões baseadas no alcance desses objetivos no ambiente atual e futuro”. Hatten e Hatten enunciam “processo pelo qual uma organização formula objetivos e o modo como os gerencia para alcançá-los” como uma definição que resume bem o que é gestão estratégica.
Variações importantes na compreensão teórica das práticas organizacionais são percebidas a partir da análise dos conceitos de gestão estratégicas apresentadas por estes e outros estudiosos do assunto. Alguns autores enfatizam a importância dos relacionamentos e da alocação eficiente dos recursos na concretização dos objetivos. Outros enfatizam a gestão estratégica sob o ponto de vista do desempenho futuro com base em um plano de longo alcance, anterior à implementação das estratégias. Em uma tentativa de ampliar o conceito de gestão estratégica, um dos conceitos (o de Higgins) abrange duas atividades paralelas e complementares: a preocupação com o acompanhamento da missão organizacional e a interação da organização com o ambiente.
A capacidade de compreensão do ambiente atual e prospecção do ambiente futuro também se apresentam como condicionantes para a formulação de objetivos, sua execução, implementação e controle. Novamente, o ambiente externo é considerado como uma variável contingencial, à qual a organização deve observar ou reagir conforme sua própria capacidade de apreensão e intervenção.
Conceitos mais amplos de gestão estratégica deixam em aberto as variáveis a serem consideradas na formulação e no gerenciamento dos objetivos organizacionais. Neste caso, os conceitos podem ser aplicados a uma gama mais ampla de contextos.
As implicações das variáveis no contexto de ambiente, na visão classificada como determinista, os tomadores de decisão aceitam o ambiente externo como dado e imutável. Na outra visão, a indeterminista ou voluntarista, organização e ambiente são considerados como parte de um mesmo todo e, portanto, estão em constante interação e processo de mútua influência. O modo como uma organização concebe o ambiente tambéminfluencia a concepção de estratégia e a forma de agir.
Luiz Paulo Bigneti e Ely Laureano Paiva em “Ora (direis) ouvir estrelas! Estudo das citações de autores de estratégia na produção acadêmica brasileira” explicam que “se a percepção do ambiente é determinista, a estratégia será descrita como direcionada a ações que tentam fazer face às influência externas. Se a percepção do ambiente é indeterminista, a estratégia será entendida como vinculada a ações de modificação e construção do ambiente externo”.
Análise do ambiente e da condição interna são etapas fundamentais para a realização de um diagnóstico da situação atual e determinação de objetivos, missão, estratégia e táticas. A partir da análise do diagnóstico, é papel da gestão estratégica a elaboração de recomendações que sirvam de guia para os processos de mudança organizacional em direção ao sucesso competitivo. As atividades estratégicas, em termos de análise do ambiente, análise das condições internas e elaboração de recomendações, destacam o conjunto de atividades ou atribuições estratégicas geralmente identificadas no trabalho gerencial e distribuídas na estrutura organizacional das empresas. As atividades são agrupadas teoricamente em três níveis: o estratégico, o tático e o operacional.
No nível estratégico, formado pelo grupo dirigente, identificam-se as atribuições gerenciais relacionadas à definição dos objetivos qualitativos da organização como um todo e às estratégias da empresa. Como exemplo, lucratividade, desenvolvimento de mercado, desenvolvimento tecnológico, sustentabilidade e os resultados sociais a serem alcançados, entre outros. A partir dos objetivos, os dirigentes definem a estratégia da empresa na forma de ações. As ações estratégicas podem ser consideradas como as operações que envolvem toda a organização e que são desenvolvidas para o atendimento dos objetivos definidos pelo grupo de dirigentes. Destacam-se as operações relacionadas aos produtos e aos mercados, por exemplo.
No nível gerencial ou tático, ocupado pelos gestores que intermedeiam as estratégias das atividades operacionais, as atribuições podem se resumir no delineamento e no acompanhamento dos programas e planos de ação, ou seja, na definição e na gestão dos cronogramas operacionais necessários para cada área específica da empresa, juntamente com as suas metas quantitativas ou operacionais. Por exemplo, as metas financeiras relacionadas ao objeto de lucratividade.
Ainda como atribuição do nível gerencial, destacam-se as políticas para cada um dos planos das áreas especializadas da organização, assim como as políticas de gestão de pessoas, de remuneração, de marketing, de comunicação, entre outras. É relevante destacar que políticas são grandes orientações que necessitam do constante acompanhamento dos gestores para verificar a adequada interpretação dos significados pelos envolvidos nos processos. Destaca-se o exemplo do conceito de qualidade. Sem o constante acompanhamento de sua interpretação e aplicação, provavelmente não haverá adequada implementação em nível organizacional.
No nível operacional, geralmente ocupado por supervisores, encontram-se as preocupações com o cumprimento de normas, realização das operações e alcance das metas. As normas podem ser consideradas como os padrões de processos, atividades e resultados operacionais a serem seguidos como referência qualitativa e quantitativa do desempenho. As operações devem ser realizadas em conformidade com os planos, seguindo as normas e as políticas da empresa, em conformidade com os seus planos e de acordo com as estratégias estabelecidas e provenientes das análises ambiental e interna da organização. É pressuposto funcional, neste caso, que o alinhamento das atribuições ao longo da estrutura organizacional leve a organização à eficácia em seus resultados ao facilitar que os resultados obtidos das atividades operacionais sejam comparáveis aos objetivos previamente propostos pela direção estratégica.
Neste contexto, a noção de alinhamento estratégico pode ser conceituada como medida de adequação entre a capacidade de interpretação do contexto externo, sua configuração em termos de objetivos e ações estratégicas e a obtenção e a utilização de processos e recursos internos. Ou seja, os resultados da análise do ambiente em termos de objetivos e estratégias devem estar alinhados com as metas operacionais. Assim, quanto maior a adequação nesta relação, maior o alinhamento esterno e interno deve ser o foco prioritário das decisões inseridas na gestão estratégica. Contudo, é relevante destacar, face à dinâmica do ambiente, que maner a convergência ou o alinhamento não é tarefa fácil, na medida em que exigem a superação dos limites e o acesso aos recursos, além do desenvolvimento das capacidades internas ao longo do tempo.
Cláudio Márcio Araújo da Gama
Florianópolis / SC
http://marcio.gama.zip.net
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