Estratégia: Conceito de ambiente organizacional

O ambiente pode ser definido como o conjunto de todos os fenômenos externos à população de organizações em análise que a influenciam de forma real e/ou potencial. Esta definição foi enunciada por R. Hall em Organizações: estrutura e processos


Em estudos de estratégia, fatores ambientais podem ser considerados ao mesmo tempo, como restrições ou oportunidades às organizações, afetando-lhes a escala de operações e o modo de produção técnica, entre outras características.
  Pressupõe-se, ainda, que o ambiente, enquanto elemento dinâmico e independente, encontra-se em processo de constante transformação. Essas alterações ambientais contínuas exercem pressão sobre as organizações, no sentido de que produzem reações. Entretanto, as respostas em geral não são automáticas, pois são mediadas por escolhas estratégicas tomadas pelos membros com poder de decisão, como concordam C. Hinings e R. Greenwood em “A dinâmica da mudança estratégica”. A extensão da pressão, por sua vez, depende da extensão da mudança no ambiente, principalmente quando essa mudança implica em alteração de algum fator ambiental crítico.
  A dificuldade de previsão da ocorrência de mudanças ambientais, aliada à dificuldade de avaliação do seu impacto sobre a organização, representa uma das principais preocupações para os gestores, pelas razões citadas por Igor Ansoff em “Ensinando pessoas inteligentes a aprender”: crescente mutabilidade e descontinuidade ambiental, insuficiência dos objetivos na orientação estratégica da organização, dificuldade de adaptação organizacional a novos desafios, ameaças e oportunidades.
  Neste sentido, é importante considerar que as escolhas estratégicas também influenciam o ambiente, ao definirem os domínios em que as organizações operam. Assim como o ambiente pode ser influenciado pela estrutura e estratégia organizacionais, da mesma forma, inversamente, as características organizacionais são fortemente afetadas pelo ambiente que as envolvem.
  W. R. Scott, em “Organizações: sistemas racionais, naturais e abertos”, classifica o ambiente com base em duas facetas distintas: o ambiente técnico e o ambiente institucional. Enquanto o ambiente técnico envolve questões relacionadas a recursos e resultados operacionais, o ambiente institucional inclui fatores culturais e simbólicos que afetam as organizações. Segundo este mesmo autor, o ambiente técnico refere-se a aspectos relevantes para um determinado conjunto de objetivos organizacionais, mais especificamente ligados a questões de fontes de recursos e informações, competidores, mercados, serviços, e produtos.
Esse conceito implica em certo grau de dependência da organização em relação ao ambiente, principalmente em função da busca por recursos essenciais e da incerteza em relação ao acesso a informações sobre o ambiente. As duas condições – dependência e incerteza – são consideradas elementos potencialmente problemáticos para as organizações, o que tem levado à busca por ferramentas de análise ambiental mais eficientes e ao desenvolvimento de mecanismos organizacionais adequados para fazer frente ao ambiente.
O ambiente institucional, por sua vez, se refere aos elementos cognitivo-culturais, normativos e regulativos, os quais, associados às atividades e aos recursos, dão significado à vida social. Os elementos do ambiente institucional dizem respeito ao modo como o comportamento social é regulado, às normas reconhecidas pelo grupo, às bases de legitimação de papeis sociais e atividades, às leis e sanções aplicadas, entre outros elementos.
  Em estudo sobre os valores ambientais presentes no contexto educacional no Estado do Paraná, J. I. Prohmann, R. Casagrande e P. Vieira, em “Valores ambientais no contexto educacional: uma investigação no Estado do Paraná”, utilizam o método comparativo de análise em que o ambiente foi dividido em três estratos: Sistema Mantenedor e Regulador da Educação; Sociedade Organizada, representada por todos os segmentos organizados da Sociedade; e o sindicato dos Professores Estaduais- AAP Sindicato.
Isso permite uma análise entre os estratos, com a finalidade de verificar similitudes e destacar percepções diferenciadas entre os mesmos. Esse estudo caracterizou-se como descritivo, e utilizou-se uma perspectiva de análise transversal , considerando o ano de 2001 como momento de análise.
Os valores identificados foram agrupados nas seguintes categorias: 1) atuação dos agentes ambientais: responsabilidade do governo; co-responsabildade da sociedade; ações do governo; ações do sindicato; relação escola-comunidade; 2) dinâmica escolar: gestão democrática e participativa; controle; profissão-professor; interesses corporativos; e 3) ensino: qualidade de ensino; formação geral do educando; formação ideológica; uso da tecnologia.
O que se percebeu foi uma significativa congruência entre os valores da sociedade organizada e do sistema, o que não ocorreu com o sindicato, o qual demonstrou, na visão dos pesquisadores, ser, por princípio, aparentemente contrário a qualquer ação do governo (sistema) e, por conseguinte, sendo contrário ao que é percebido como valorizado na sociedade.

Cláudio Márcio Araújo da Gama

Florianópolis / SC
http://marcio.gama.zip.net

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